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Mamulengo trata-se de uma forma de teatro tradicional praticada por artistas do povo, um teatro de características genuinamente populares, onde os atores são bonecos que falam, dançam, brigam e, quase sempre, morrem.
Mamulengo Capiroto vem dar continuidade ao projeto de investigação que o grupo vilacondense tem vindo a realizar sobre este teatro ao longo dos últimos 15 anos, refletindo e revelando de modo singular a relação entre esta manifestação e os seus congéneres em Portugal. Ao longo da peça, o público identifica-se, nas suas alegrias e tristezas, nos seus temores e na sua capacidade de fé, com as personagens, tipos matreiros ou elementos repressores.
Guardando elementos vinculados à tradição dos folguedos europeus, remanescentes dos espetáculos da Commedia dell ́Arte, esta forma de teatro popular baseia-se na improvisação livre do ator (aqui chamado mamulengueiro). Com um roteiro básico para a história, que não é escrita, os diálogos são criados no próprio momento do espetáculo, de acordo com as circunstâncias e com a reação do público. Não podendo existir sem a música e sem a dança, o Mamulengo exige do público uma participação constante e ativa que permite completar o que os bonecos muitas vezes irão apenas sugerir. Requer-se, portanto, uma permanente interação boneco/plateia que se torna fácil por conta do incrível poder de improvisação e capacidade imaginativa que tipifica os mamulengueiros. Por isso, sendo o teatro do improviso, do repentismo, ele depende visceralmente do público assistente que alimenta, ignora ou castra a vertente de criação. Ao reagir, a assistência desencadeia a inspiração necessária ao processo de criação improvisado, formando um ciclo contínuo que envolve a todos, titireteiro, títeres e público.
O nome Capiroto, título deste espetáculo de Mamulengo, é um termo popular brasileiro, muito comum, usado para designar o diabo. Neste caso, não se refere ao lado maquiavélico e terrível da personagem, no seu contexto judaico-cristão, mas antes ao conceito profano da festa, da amoralidade e da liberdade para os prazeres mais “carnais” e transgressores, como são a dança, a música, a comida e a sexualidade. Evoca a alegria que permitem alterar o equilíbrio da sociedade, as relações de poder, insurgindo-se contra o maniqueísmo da vida. Cria-se assim um outro universo, com personagens e temas de um mundo ao qual cada um de nós está sujeito, submisso e é por vezes explorado. Transpomos, com o Mamulengo, a dura realidade do quotidiano para uma outra dimensão, onde a voz do povo, seus anseios e vontades são ouvidos. Tudo na intenção maior de provocar o riso que, gerando a folgança, o alívio e o divertimento, atua como elemento catártico e de grande comunicabilidade.
FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA
Encenação/interpretação Marcelo Lafontana
Cenografia e Figurino Sílvia Fagundes
Multimédia Luís Grifu
Direção Técnica Pedro Cardoso
Fotografia Rita Martins
Produção Fátima Pereira
Dur. aprox. 45 min
M/4 anos
CONDIÇÕES TÉCNICAS
Este espetáculo foi construído a pensar no transporte e digressão, sendo auto-suficiente em questões técnicas de maquinaria, luz, som e vídeo.
Espaço
Pode ser apresentado em ginásios, auditórios, salões amplos, escolas e em espaços ao ar livre com as seguintes dimensões:
6m largura
6m profundidade
3m altura
Corrente eléctrica
1 ponto de energia com 220V / 16A (estável)
Montagem
Tempo de montagem: 2 horas
Tempo de desmontagem: 2 horas
É necessário apoio local para carga e descarga do material (mínimo 2 pessoas) e de um técnico local (familiarizado com o sistema eléctrico da sala)